Ilustração de Alankrita Jain
Em homenagem ao livro de Marta Gautier!
A sombra das palavras me atormenta;
Me corrói os sonhos e lembranças…
O brilho dos teus olhos me atenta,
Mas também me faz perder todas as esperanças!
Solidão um dia virá,
Como forma de pagar pelos meus pecados!
Solidão comigo morrerá,
Como forma de não manter os mal-amados!
Mas porquê?
Por que é que me desfazes os sonhos?
Porquê tanto coração quebrado,
Coração que nem chegara a ser julgado!
Julgado?
Porquê?
Que mal fizera para merecer tal penitência?
Talvez suara junto de corpos incandescidos,
Mas não restam provas, nem a lembrança dos gemidos!
Tanto que eu não te disse,
Será tudo o que me restará um dia,
Palavras eternamente guardadas
Cartas com coisas tontas, que nunca te entregaria!
ano: 2005
Ilustração de Nanami Cowdroy
Um poema…O que é um poema?
Um poema será talvez
A melhor maneira de expressão.
Quando nos sentimos sós,
E é preciso acalmar o coração!
Escrevendo, consigo gritar, quando a boca não o faz!
Escrevendo, consigo me acalmar… ter paz!
Mas afinal, o que é um poema?
Serão apenas palavras expostas,
Como forma de afirmar alguém que não o é?
Será uma forma de mentir?
Que por falta de compreensão, ninguém julgará?
Por pensarem sempre,
Que o que leem é uma forma de divertir?
O que é não sei...
Mas sei que por trás de muitos deles,
Escondem-se histórias que ninguém sabe,
Que ninguém entende…
Apenas por falta de compreensão,
Ou da nossa própria expressão…
Que apenas por uma falha,
Gera enorme confusão!
Um poema...
O que será um poema...?
ano: 2008
Pintura de Emerico Toth
Este é mais que um poema, é uma letra de uma música que compus à guitarra:
Vestida de vestido escarlate,
Com doce cheiro a jasmim,
Cabelo cor de chocolate,
Passeia em passos de cetim.
Quem, bela, a vê passar,
De salto e mala na mão,
Jamais pode imaginar,
A mágoa do seu coração!
Sossegada vagueia na praia
Mergulhando nas águas do mar,
Rebolando pela areia cálida
Esquece o que a fez magoar!
Apenas com a roupa no corpo,
Molhada da água do mar,
Descalça e suja de areia,
Parte para qualquer lugar!
Parte para qualquer lugar,
Sem que alguém a possa seguir,
Sofre por querer voltar,
E seu coração a mandar partir!
ano:2005
Ilustração de Maria Surducan
Querido, quando voltares,
Traz-me ganchos coloridos para os cabelos,
Quero que os notes belos!
Quero que me elogies, quando voltares!
Quero que vejas como são belos à luz da lua,
O quão macios são quando me deito,
Quero que lhes toques, para meu deleito,
Quero que me faças novamente tua!
Toda a mulher gosta de se sentir amada,
E por isso, meu amor, finge-te enciumado,
Pois quero que fulmines exasperado,
Quando por outros desejada!
Querido, quando voltares,
Traz-me também teu olhar confiante,
Traz-me teu olhar saudoso,
Para que acredite que foras sempre meu!
Traz-me em teu corpo, teu saudoso abraço,
Para que acredite, meu amor,
Mesmo sendo, outrora, insidiada,
Fora sempre meu, o teu espaço!
Traz-me também cartas e poesias não escritas,
Para que acredite, que pensaste em mim,
Quando sozinha em meu leito,
Me encontrava num triste pranto sem fim!
E se depois de tudo isto, meu querido,
Continuar sem acreditar no teu amor,
Mata-me sem qualquer piedade,
Pois a dor da tua traição é bem maior crueldade!
ano:2008
Ilustração de Emanuel Mirel Ologeanu
Moro na rua das despedidas,
Onde lágrimas, beijos e abraços se trocam,
E tocam nos corações de quem recebe
Palavras verdadeiramente sentidas.
Moro na rua da esperança,
Onde os que vão, esperam voltar,
Onde o que ficam, desejam que os outros voltem,
E onde os que partem para não mais voltar,
Ficam eternamente na lembrança daqueles amam.
Moro na rua dos sentidos,
Onde o toque vale mais que o olhar,
Onde as palavras ganham vida e alimentam
O coração dos que partem a chorar.
Moro na rua da amizade,
E todos os dias vão e vêm,
Aqueles que julgam sempre terem de partir,
Mesmo que partindo adoeçam com uma tal de saudade.
ano: 2016
Ilustração de Fernando Vicente
Uma lágrima que cai.
Um pedaço de mim que se esvai.
Um sonho que corre.
A minha alma que morre!
Vazio sem fim.
Que irá ser de mim?
Na vida perdida,
Por todos esquecida!
Cinza que voa com o vento.
Imagem que desaparece com o tempo.
Ideais que mudam sem querer.
Lágrimas que escorrem sem ninguém ver!
ano: 2008
Ilustração de Tomer Hanuka
Sorrir... Chorar!
Passos a chocalhar pelo caminho...
E o tempo não pára!
Ninguém pára para eu esperar pelo destino...!
Sonhos...
Eu acredito em sonhos...
Corro para os alcançar...
Mas estão tão longe que só me resta parar!
E sorrio... e choro...!
O tempo não pára para mim, nem para ti!
Olhas à volta a ver se alguém esperou,
Mas resta apenas o vazio,
Daquele que sozinho chorou!
Sentes o vazio da solidão,
Daquela que te mata quando ninguém vê!
Daquela que te faz chorar...
Quando por quem esperaste... foi em vão!
O riso e o choro estão tão próximos,
Caminham sempre de mão dada à beira mar,
São estes os que sempre me acompanham,
Quando quero rir... ou chorar!
ano: 2010
Ilustração de Mike Harrison
Eu não escrevo com a cabeça,
Escrevo com o coração.
Não sei se uso metáforas,
Retóricas ou aliteração!
Brinco com as palavras,
Enfeito-as com papel de seda,
Pois não há brinquedos neste mundo,
Que aceitem viver num poema!
Gosto do som quando rima,
Gosto até quando não combina.
Pois tem sempre a minha paixão.
Escrevo sempre com o coração!
ano: 2010
Ilustração de Carmel Seymour
Estranhos momentos em que apareces sem ser chamado,
Em que me amas sem seres amado,
Em que fazes por me tocar
Apenas com o toque do teu olhar!
Estranhos momentos em que me sufocas de dor,
Por sentires meu estranho amor,
Que te ignora sempre que te quer,
Sempre que o meu corpo deseja ser tua mulher!
Estranhos momentos, aqueles em que surges da escuridão
E junto à esquina te mostras sem pudor
Apenas para me atormentar
Porque conheces a recusa de te amar!
Estranha eu, que mais feliz sou sem te ter,
Apesar do sofrimento que é ter-te longe
Não aguentaria ter que te abraçar,
Sabendo que brevemente te iria abandonar!
Estranha eu, que mergulhada de incenso,
Me escondo para que não vejas minha triste felicidade,
Para que penses que a pessoa que outrora existiu,
Já não mais existe... e por fim... morreres de saudade!
ano: 2007
Ilustração de Kathrin Honesta
Cai a flor do frágil ramo
Em tardes calmas de Primavera.
Enchendo a rua de florida neve,
Escondendo a podridão da velha esfera!
Após o Inverno turbulento,
Fruto da Guerra que há na Terra,
Aparecem as aves entristecidas,
Recordando tempos de outra era.
Forçada pelo calor imenso
A florida estação dá lugar às praias,
Povoadas pela imunda poluição,
Que passa de geração em geração!
Sorrisos inocentes de crianças,
Pulos de alegria à beira mar,
Desaparecem com o cair da folha,
Desaparecem com o frio que se faz notar.
Pela estrada um mar castanho e abundante,
Carregado de velhas flores e melancolia,
Lembrando as vivas cores,
Que esses jardins tiveram um dia!
E esse frio que não cessa,
E essas lembranças que não param,
Dos enamorados que na primaveram se apaixonaram,
E que com o cair do frio se deixaram!
E segue assim o ritmo do globo,
Desta estranha esfera que não pára de girar,
Desta vida que o Homem,
Tanto insiste em querer estragar!
ano: 2009