Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Café Poesia

Um pouco de poesia com cheirinho a café

Submissão

 Ilustração Harumi Hironaka

 

Berras junto aos meus ouvidos,

Mas não te consigo ouvir!

Esbofeteias sem pudor meu corpo,

Mas não te consigo sentir!

 

Tentas torcer os meus sentimentos sem razão,

Mas não me consegues alcançar,

E não sofre meu coração,

Com teu amargo aspar!

 

Vivem em mim sonhos e exultações,

Que outrora conheceste enquanto criança!

Esperanças de felicidade que outrora perdeste,

Com tua amarga matança!

 

Pensas que ainda sofro,

Mas há muito que se esgotaram as forças de sofrer!

Pensas que ainda choro,

Mas há muito que as lágrimas deixaram de correr!

 

Nada mais em mim podes destruir,

Porque já destruíste tudo o que havia.

Por isso não faz sentido partir,

Mesmo que me possas matar um dia!

 

No fundo, foi maior o amor que me deste,

Que a dor que me causaste,

E a teu lado vivo,

Já que sem ti, não sobrevivo!

 

ano: 2006

Utopia

E parece que relembrar poesias passadas me fez sentir um bichinho que me disse palavras ao ouvido que me fizeram querer escrever qualquer coisa tonta. Pode ser um bom princípio, o início de uma nova era. Estar bem e querer escrever poesia não é normal, mas espero que seja para querer ficar. Espero que gostem.

 

Pintura de Vishnu Pawan

 

 

Desejo tocar-te...

Não te posso tocar!

 

Desejo beijar-te...

Não te posso beijar!

 

Sentes?

Queres?

Mesmo que sintas e queiras, também não podes.

 

Não me podes tocar, 

Como eu não te posso tocar...

 

Não me podes beijar,

Como eu não te posso beijar...

 

Só me podes desejar em segredo,

Como eu só te posso desejar em segredo.

Assim nunca saberemos, nem tu nem eu,

Dos desejos que talvez nos possam unir,

Das vontades que talvez possamos sentir...

 

Da utopia vivo,

Pela utopia te desejo e beijo em sonhos.

Da utopia vivo,

Pela utopia te arranho e te agarro em sonhos.

Pela utopia...

Não por ti...

Porque eu não te posso beijar ou desejar,

Porque eu não te posso sentir ou agarrar.

Pela utopia...

Desejo-te pela utopia...

Não por ti!

 

ano: 2016

Desculpas

Ilustração de Cyril Rolando

 

Desculpa me pedes,

Desculpa… sem sentir!

Arrependido te tentas mostrar,

Mas vê-se que apenas estás a fingir!

 

Dizes sentir-te mal, pelo que fizeste ontem,

Mas no amanha voltas a repetir!

Não percebo o que queres,

Não percebo o que sentes,

Nem o que ganhas,

Ao me estares a mentir!

 

Como te queria entender,

Como gostava de te ajudar…

Mas tu pareces gostar de sofrer,

Por ti não me vou sacrificar!

 

És apenas um amigo,

Nada mais se é esse o teu medo!

Mas mesmo assim,

Continuas a brincar comigo!

 

Começo sem saber,

Se deva continuar a insistir!

Se deva continuar a me humilhar,

Se deva continuar com a esperança,

Que ao normal tudo irá voltar!

 

Um dia, quando eu desistir,

Não vai adiantar me procurares!

Vais então sentir a mágoa que eu senti!

Vais então dar valor a tudo o que vivi!

 

ano: 2000

Palavras VS Olhar

Ilustração de Cyril Rolando

 

Há palavras que dão que falar.

Palavras que parecem perfeitas… podem enganar!

Às vez um só ponto pode gerar confusão,

Ou até parecerem meigas e… serem autêntica confusão!

Ou até, parecerem meigas e… serem autêntica traição!

 

Às vezes uma só palavra faz chorar,

Às vezes uma só palavra faz sorrir!

Mas há algo mais seguro: O olhar,

Pois esse não sabe mentir!

 

Podes até estar a sorrir,

Quando na verdade te apetece chorar,

Que irei sentir,

Pois o teu olhar não me sabe enganar!

 

Por vezes surgem dores causadas,

Por palavras que surgem enganadas,

Que surgem sem se sentir,

Dores causadas,

Quando um olhar não se sabe distinguir!

 

ano: 2007

Preserva-te em Silêncio

Ilustração Sophie Griotto

 

 

Que grito é o teu de silêncio?

Que queres dizer, quando  nada dizes?

Que queres que compreenda, quando não te explicas?

Que amor é o teu, que te contradizes?

 

Sofres na tua irritante felicidade,

Choras com o teu frustrado sorriso,

Preenchendo com esmolas a vida vazia,

Implorando ao mundo por piedade!

 

Sorrisos falsos dás ao mundo,

Enganando aos outros menos que a ti.

Passeias pela praia como um vagabundo,

Aceitando, finalmente, que te esqueci!

 

Ainda assim mendigas por meu amor,

Quando amor já não me resta dar,

Obrigas-me a calcar-te com rancor,

Para que sentimentos,

Por mim, não te voltem a assaltar!

 

E agora sofres, como eu sofri!

Agora sabes pelo que passei!

Cala o teu olhar amargurado,

Que jamais, por mim, será escutado!

 

ano: 2007

Desabafos de uma vida inútil

Ilustração Olivia Linn

 

 

Em homenagem a Álvaro de Campos:

 

Perdido naquilo a que chamam vida,
Sofro com tudo aquilo que não sou!
Sofro com tudo aquilo que desejava ser...
...Saudades de ser verdadeiro!

 

Para quê esforçar-me,
Se a chuva que bate nas vidraças me tira a força?
Ping…ping... ping...
O ensurdecedor barulho do silêncio!

 

Só as pingas de água se fazem ouvir,
Também elas parecem sufocar,
Também elas parecem pedir ajuda!
Mas finjo não as ouvir,
Como os outros fingem quando por eles passo!

 

Quero ficar perdido entre os lençóis,
Dormir um dia, um mês, ou até quem sabe um ano!
Chorar sem que ninguém possa escutar o meu sufoco!
Mas... alguém escutaria mesmo?

 

Na realidade já o posso fazer...
Será isto que desejo na verdade?
Não! Desejaria que alguém me notasse,
Desejaria que alguém me apoiasse...
Mas apenas as pingas de água me conseguem realmente tocar!

 

Fico então aqui perdido,
Enquanto pelas molhadas janelas observo as ruas sujas,
Em que corpos desnudos se vagabundeiam.
Vida que corre a minha frente…
Morte que anda a par e passo...

 

Pobre ser, que assim tão novo,
Implora que a cova se abra e que lá caia!
Pobre ser, que tão prendado,
Deseje terminar tão depressa seu fado!

 

Outrora, cantei às alegrias, à revolução.
Agora... apenas à minha frustração!
Outrora, fui pneu que rolava por entre opulentos campos,
Agora... Sou apenas Campos que chora!

 

Agora.

 

Continuo vivendo na tristeza da vida,
Esperando que a felicidade da morte me leve,
Aguardo olhando para a vida que passa,
Ouvindo a chuva que bate na vidraça!

 

ano: 2008

Palavras

Ilustração de Hasnaa Tabra

 

 

Enquanto ouvia tuas palavras,

Minhas amargas lágrimas pela face escorriam!

Palavras que também eram muito amargas,

Palavras que enquanto ouvia me magoavam!

 

Dizias tudo tão friamente,

Como se não sentisses tuas próprias palavras!

E foste conseguindo, lentamente…

Me magoando e ao mesmo tempo,

Demonstrando que de mim gostavas!

 

Palavras confusas ias dizendo,

Palavras que ainda não entendo…

 

Falavas em amar…

Eu em esquecer!

Eu falava em querer ser feliz,

Tu… em prazer!

 

E enquanto estávamos a discutir,

As minhas lágrimas não cessavam de cair!

 

Disse que te amava,

Das minhas palavras duvidaste!

E por não me acreditares,

Com meu coração acabaste!

 

ano: 2003

Tarde

Ilustração de Sophie Grioto

 

 

Tarde para dormir,

Acabou o tempo de sonhar.

É tarde para me decidir,

Se quero ou não me levantar!

 

É tarde para dizer,

Que quero deixar de sofrer,

Mas ainda vou a tempo,

De decidir se quero continuar a viver!

 

Nesta vida de atrasos,

Sozinha não quero viver!

Mas sei que já é tarde,

Para a tua porta ir bater!

 

Sem saber para onde ir,

Sem rumo vou caminhando!

Isto por saber que já é tarde,

Para estares em casa me esperando!

 

Contigo eu queria muito estar,

Mas é melhor nem te telefonar.

Como é tarde para te esquecer,

O que me resta é sofrer!

 

ano: 2000

Quem tem um...Tem quatro!

Será que sofro do transtorno obsessivo compulsivo de criação de blogs? Conhecem alguma clínica de desintoxicação? É que nem eu acho isto normal... Bem mas enfim... Tudo poderia ficar num só é verdade, mas odeio misturar alhos com bugalhos e acabo por colocar tudo em caixinhas e fazer uma espécie de compartimentação da minha pessoa.

 

A pedido de várias famílias, reativo o meu antigo blog de poesia do Wordpress* aqui no Sapo. O mesmo nome, os mesmos poemas. Pode ser que um poema por dia me faça sentir vontade de escrever mais.

 

Já não acedia à minha conta do wordpress há imenso tempo. A parte mais curiosa? Tenho quatro blogs criados - isto parece-me realmente patológico -, apesar de só um permanecer visível até à data: Um de culinária - parece-vos familiar? -, um de fotografia, o de poesia e um diário com mais de 10 anos que, sou-vos sincera, não me lembro de o ter criado e de alguma vez ele ter existido. Mas está lá, privado mas está lá, com textos escritos por mim, cheio de fotografias minhas... Pelo que me apercebo usava aquele blog como um facebook, numa altura em que o facebook ainda não existia, ou que ainda não tinha sido difundido. Só vos digo uma coisa ME-DO! Felizmente que um dia tive a decência de o colocar em privado.

 

Adiante. Sobre o funcionamento do Café Poesia do Sapo: Diariamente um poema antigo sairá às 16 horas e conterá, sempre que possível, a data original em que foi escrito. Se for algum poema recente, caso exista, será publicado num outro horário. Parece-vos bem?

 

Lamento se vos parecer mal, nada a fazer. E porque sei que quatro blogs é um exagero, faço-vos o mesmo alerta da última vez: A quem não interessar, passem ali nas subscrições, procurem a Mula, carreguem em editar e tirem o pisco do "Café Poesia".

 

Sem Título.jpg

 

O primeiro poema é já publicado amanhã. Até amanhã!

 

*Sendo que o blog Café Poesia do Wordpress passará a partir de hoje a privado. Obrigada.

Pág. 2/2

Café Poesia 500px.png

Ilustração de Sophie Griotto

Segue a Mula aqui

Direitos de Autor

Copyrighted.com Registered & Protected 
YUIK-NKGX-ZMZZ-SSI9

Todos os textos constantes neste blog são originais e constituem propriedade intelectual de quem os escreve, sendo que todas as referências a outros autores serão devidamente identificadas. Reprodução dos textos constantes neste blog, apenas mediante citação da fonte e do autor. Em caso de plágio, medidas serão tomadas, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 36/2003, de 5 de Março. Para alguma dúvida ou informação é favor contactar-me: E-mail: desabafosdamula@hotmail.com

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Exclusivo Mula

Gestão do Blog

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D