No horizonte, a sombra dança com a luz, Sem tinta ou pincel, pinta um quadro que seduz. Surge primeiro o dourado, radiante e quente, Como ouro derretido, um encanto, um presente.
Logo o laranja lembra um céu em chamas, Como um fogo ardente, como quando me amas. O vermelho se junta, apaixonado e vibrante, Como teu abraço carente, forte e possante.
O vermelho esbate, o rosa suave espreita, Como o teu amor que no fim do Verão estreita, E por fim, o azul escuro da noite se insinua, Preparando a despedida da alma que agora é nua.
Termina assim mais um dia e em breve a estação. O sol encurta visita e escurece o coração. A brisa, aumenta, fica mais fria. O que outrora paixão ardente agora se desvia.
No silêncio da aurora, solidão se faz presente, O sol timidamente desperta, o mundo está ausente. Nas sombras da manhã, minha alma vagueia, Em busca de abrigo, na luz que clareia.
A solidão abraça a paisagem serena, Enquanto o amanhecer pinta o céu de amena cor, Na quietude da madrugada, encontro abrigo. Na melodia dos pássaros, busco amor.
O amanhecer revela a beleza solitária, Em cada raio de luz, uma história por contar. Mas na solidão da manhã, encontro meu ser, Reflito sobre a vida, e o que ficou por viver.
E aí o sol irrompe, faz dissipar a dor, Aquece a alma e o corpo, acalma o tremor. E com o novo dia que agora desperta, É um bálsamo, a alma cura, a sombra se liberta.
Enquanto no horizonte o sol se põe devagar, E olho admirada como pela primeira vez, Recordo o inesperado de não te ver chegar, E contigo a malfadada incerteza do talvez.
De mansinho, sem piedade nem permissão, Abraçamos a noite com magia e ternura, Mas a falta de luz, toldou-me a razão, Confesso desde já o irracional, a loucura!
Não me crês, nem me vês, O sol bate de frente e tudo torna cego. Não me crês, nem me vês, Acreditas tratar-se apenas de Ego.
Como me poderias crer? Eu não o faria no teu lugar! Num mundo em que toda a gente pretende poder, Desacreditou-se na palavra amar.
Enquanto olho o céu alaranjado a arder, As lágrimas confundem-se com as criadas pelo vento. O sol abandonou. É altura de esquecer. Fica o vazio. É sempre tudo apenas um momento!
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