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Café Poesia

Um pouco de poesia com cheirinho a café

Amor de verão

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Imagem retirada daqui

 

No horizonte, a sombra dança com a luz,
Sem tinta ou pincel, pinta um quadro que seduz.
Surge primeiro o dourado, radiante e quente,
Como ouro derretido, um encanto, um presente.

Logo o laranja lembra um céu em chamas,
Como um fogo ardente, como quando me amas.
O vermelho se junta, apaixonado e vibrante,
Como teu abraço carente, forte e possante.

O vermelho esbate, o rosa suave espreita,
Como o teu amor que no fim do Verão estreita,
E por fim, o azul escuro da noite se insinua,
Preparando a despedida da alma que agora é nua.

Termina assim mais um dia e em breve a estação.
O sol encurta visita e escurece o coração.
A brisa, aumenta, fica mais fria.
O que outrora paixão ardente agora se desvia.

Amanhecer

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Imagem retirada daqui

 

No silêncio da aurora, solidão se faz presente,
O sol timidamente desperta, o mundo está ausente.
Nas sombras da manhã, minha alma vagueia,
Em busca de abrigo, na luz que clareia.

A solidão abraça a paisagem serena,
Enquanto o amanhecer pinta o céu de amena cor,
Na quietude da madrugada, encontro abrigo.
Na melodia dos pássaros, busco amor.

O amanhecer revela a beleza solitária,
Em cada raio de luz, uma história por contar.
Mas na solidão da manhã, encontro meu ser,
Reflito sobre a vida, e o que ficou por viver.

E aí o sol irrompe, faz dissipar a dor,
Aquece a alma e o corpo, acalma o tremor.
E com o novo dia que agora desperta,
É um bálsamo, a alma cura, a sombra se liberta.

Pôr-do-Sol

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Imagem retirada daqui

 

Enquanto no horizonte o sol se põe devagar,
E olho admirada como pela primeira vez,
Recordo o inesperado de não te ver chegar,
E contigo a malfadada incerteza do talvez.

De mansinho, sem piedade nem permissão,
Abraçamos a noite com magia e ternura,
Mas a falta de luz, toldou-me a razão,
Confesso desde já o irracional, a loucura!

Não me crês, nem me vês,
O sol bate de frente e tudo torna cego.
Não me crês, nem me vês,
Acreditas tratar-se apenas de Ego.

Como me poderias crer?
Eu não o faria no teu lugar!
Num mundo em que toda a gente pretende poder,
Desacreditou-se na palavra amar.

Enquanto olho o céu alaranjado a arder,
As lágrimas confundem-se com as criadas pelo vento.
O sol abandonou. É altura de esquecer.
Fica o vazio. É sempre tudo apenas um momento!

Gosto de ti!

Ilustração de Carmen Tyrrell

 

Gosto de ti porque me tornas melhor,
Mais sincera, mais humana, mais eu!
Gosto de ti porque o teu sorriso é profundo
E o olhar leve, que me leva além de mim.
Gosto de ti, mesmo quando me olhas com olhar soturno.
Gosto de ti porque sim, porque teimosa te escolho,
Mesmo quando me encolho amarfanhada de dor!
Gosto de ti e sinto a tua falta, a tua ausência,
Quando te busco na cama e tu não estás.
Gosto de ti longe ou perto,
A distância só me cria saudade,
Não me influencia as emoções.
Gosto de ti. Ponto. Gosto de ti.

De corpo e alma

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Imagem retirada daqui

 

Toco-te o corpo com a mesma vontade,
Com que gostaria de te tocar a alma,
Abraço-te sempre com intensidade,
Pois só teu abraço me acalma.

 

E amor é risos, é olhares, é cumplicidade,
É carinho, entreajuda e preocupação,
Por isso não negues nunca a verdade,
Que eu sei que pertenço ao teu coração.

 

Enquanto houver vontade há carinho,
Enquanto houver sexo, paixão.
Deixa-te levar por este corpinho,
Que pretende manter-te sempre com emoção.

 

Por isso, meu amor, não me afastes,
Não mais que esta maldita pandemia,
Já chega os erros porque me deixaste,
Deixemo-nos de erros... Voltamos à folia?

 

E apesar de serem 3h da madrugada,
Não me sais do pensamento,
Com "sau coiso*", que é meu tormento
Que não me deixa dormir antes da alvorada.

 

*saudade

Arrepios

Ilustração retirada daqui

 

 
Arrepia-me o teu toque,
E o teu beijo intenso, molhado,
Arrepia-me o teu olhar que se desvia,
Como prova de quem já foi magoado.
Arrepiam-me as palavras que não dizes,
Mas que lá no fundo sentes,
E eu quero acreditar que sentes!
Arrepia-me o que dizes não sentir,
Mas no fundo, sei que mentes...
Quero acreditar que mentes!
 
Não mente o teu corpo,
Não mentem o fundo dos teus olhos,
E que por um breve instante, como um sopro,
Se sente, como em sonhos!
Quero acreditar que sinto.
Sim, eu sinto. Leve como brisa,
Mas que refresca a alma, apesar que castiga.
 
Bem sei, afastas-me por medo,
Cobres-te com essas capa dura, por medo.
Dizes-me coisas que me magoam, por medo.
Por medo. Não te quero perder, por medo.
E se por medo não for,
E já nada restar, do nosso amor...
Então rompe com faca o meu coração,
Que não sobrevivo ao teu desprezo!
 
Recuso-me a acreditar que foi tudo em vão!
 

De recordação

Ilustração de Natalie Shau

 

 

 

Queria dar-te apenas o meu corpo,

De forma temporária, com lucidez,

Dei-te o meu coração,

Qual inocente, por estupidez!

 

Afastei-te sem querer.

Quando te desejei mais e mais, sem perceber.

Fugiste sem eu notar.

Sem despedidas, nem pesar.

 

Foste de mansinho,

Com a mesma tranquilidade com que entraste,

Com pezinhos de lã e sorriso no rosto,

À tua ausência me habituaste.

 

Um ano de ti,

De te sentir em cada ausência.  

De te gostar em silêncio,   

De te esperar com paciência.

 

Um ano de ti e de tantos meses sem ti,

De tantos encontros falhados,

Outros tantos reagendados,

E de tantos que nunca chegaram a acontecer.

 

Um ano de ti e de tantos meses sem ti,

Um ano carregado de esperanças,

De silêncios que criavam desesperanças,

E de tentativas vãs de te afastar.

 

Um ano de ti!

 

Prossegui com a minha vida,

Mas levar-te-ei sempre no coração,

E deixo-te este poema,

Para que também eu fique de recordação!

 

ano: 2019

Corrupção

Ilustração de Marc Hanniet

 

Mergulhei sem censura no teu corpo,
Na ingenuidade de ser apenas um momento.
Mas perdi a noção e a nitidez,
Olhei para o interior dos teus olhos,
Sem imaginar sentir tamanha avidez!
E no teu abraço me perdi...
E no teu beijo morri...
E na tua alma escondi a minha...
E no teu corpo quente me corrompi!

 

Entreguei-te o meu desejo,
E perdi a noção e a consciência.
Do precipício atirei-me sem medo, 
E caí... Levantei-me e atrás de ti corri.
E caí... E cairei enquanto me permitires, 
As vezes necessárias até que me peças
E me despeças do meu papel indefinido.
Dos teus sentimentos indefinidos.
Dos teus intensos beijos sentidos. 
Dos teus abraços fortes proibidos. 

 

Perdi-me em ti com a inocência da primeira vez,
Entreguei-me sem amarras, discernimento ou lucidez.
Perdi-me de mim, dos meus princípios, da moral,
Despi-me dos preconceitos, dos julgamentos. Escolhi o irracional.
Vesti-me de emoções, de alegria, de satisfação.
E o momento que seria só um momento, um momento só não foi,
E eu que te daria apenas o meu corpo,
Dei-te o meu coração que por tanto te querer, dói!

 

ano: 2019

De mim

NISCHITHA SN.JPG

Ilustração de Nischitha Sn

 

 

Sobressais o pior de mim:
A minha raiva mais vincada,
A minha lágrima mais salgada,
O meu olhar mais solitário,
O meu lábio mais carregado.
Até que me sorris...
E aí tudo passa,
E tudo se desvanece,
E todo o meu corpo estremece.

 

Fazes sobressair a minha amargura,
E enches-me de solidão,
E amarfanhas a minha alma. 
Emburreces o meu coração!
Até que me olhas com a tua ternura... 
E aí tudo se transforma,
E o meu coração aquece, 
E de amor e palpitações se preenche. 
E o discernimento se disforma! 

 

Empobreces-me a coerência,
Embruteces-me os modos,
Devolves-me sem perceber a inocência,
Que me faz cair sem perceber nos teus engodos
Dando-me vontade de te abandonar.
Até que dizes "fazes-me falta",
E os teus olhos brilham em busca dos meus,
E meu coração rejuvenesce,
E afasta a vontade de te dizer adeus!

 

ano: 2019

Poderia morrer nos teus braços que morreria feliz

Ilustração de Nik Helbig

 

 

Poderia morrer nos teus braços que morreria feliz.
Mesmo que teu beijo não me reanimasse,
Nem teu abraço me suportasse.
Poderia morrer nos teus braços que morreria feliz!

 

Só não posso morrer nos teus olhos, nem no teu beijo,
Não suportaria ver o desencanto, ou fraco desejo, 
Não aguentaria seguir a teu lado e tão distante,
Não aguentaria seguir e não te ter, doravante!

 

Poderia calar para sempre minha voz que a calava feliz,
Se isso significasse para sempre estar em teus olhos,
Mesmo que mais não te segredasse ao ouvido o meu desejo. 
Poderia calar para sempre minha voz que a calava feliz. 

 

Só não posso deixar de te ouvir ou sentir,
Não suportaria sentir a tua ausência, ou o teu desprezo, 
Não aguentaria seguir a teu lado e tão distante,
Não aguentaria seguir sem sentir o teu olhar provocante.

 

Eu não quero morrer ou calar,
Nem deixar de te sentir, ou deixar de te olhar,
Mas como o destino não podemos combater,
Preparo-me para esse dia em cada entardecer. 

 

ano: 2018

Café Poesia 500px.png

Ilustração de Sophie Griotto

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